Mesmo com protestos e riscos ambientais Elon Musk consegue aprovar centro de dados em Memphis

Comunidade denuncia injustiça ambiental após liberação de turbinas a gás em bairro pobre e negro da cidade
O bilionário Elon Musk conseguiu a aprovação de um projeto polêmico em Memphis, Tennessee. Sua empresa de inteligência artificial, a xAI, recebeu sinal verde para operar 15 turbinas a gás no bairro de Boxtown, região historicamente negligenciada e com maioria da população negra.
A decisão gerou revolta entre moradores, ambientalistas e organizações civis. Mesmo após semanas de protestos e alertas sobre possíveis danos à saúde e ao meio ambiente, o Departamento de Saúde do Condado de Shelby (SCHD) concedeu a licença de operação para a empresa.
O objetivo do projeto é fornecer energia para um dos maiores supercomputadores de inteligência artificial do mundo, o Colossus, que será usado para treinar o chatbot Grok. Poluição em níveis preocupantes As turbinas movidas a gás natural vão gerar milhares de toneladas de poluentes por ano, incluindo óxidos de nitrogênio (NOₓ), compostos orgânicos voláteis (VOCs), monóxido de carbono e formaldeído, uma substância cancerígena.
Estimativas indicam que, com todas as turbinas em funcionamento, a xAI pode emitir até 2.000 toneladas de NOₓ por ano — o suficiente para torná-la a maior fonte desse tipo de poluição em Memphis. Além disso, a empresa já estaria operando 35 turbinas sem as licenças ambientais completas, o que acendeu um sinal de alerta entre advogados e defensores da saúde pública.
Bairro já sofre com poluição industrial
O centro de dados da xAI foi instalado em Boxtown, um dos bairros mais pobres de Memphis. A população é, em sua maioria, formada por famílias negras de baixa renda que há anos convivem com altos índices de doenças respiratórias e câncer, causados por outras instalações industriais próximas. Organizações como a NAACP (Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor) e o SELC (Centro de Direito Ambiental do Sul) denunciaram o caso como mais um exemplo de racismo ambiental, quando comunidades vulneráveis são expostas desproporcionalmente à poluição.
Protestos ignorados
Moradores e ativistas protestaram ativamente contra o projeto. Foram realizadas audiências públicas, manifestações e campanhas de pressão para impedir o avanço da construção. Mesmo assim, o SCHD concedeu a licença provisória até 2027, afirmando que a empresa atendeu aos requisitos técnicos. Segundo representantes da comunidade, as preocupações reais da população não foram levadas em conta no processo de licenciamento. “Eles seguiram a letra da lei, mas ignoraram o espírito dela. A saúde da comunidade deveria vir em primeiro lugar”, disse um dos advogados do SELC.
Reação legal: processos à vista
A decisão pode acabar na Justiça. A NAACP e o SELC notificaram a xAI com uma intenção formal de processo, acusando a empresa de violar a Lei do Ar Limpo (Clean Air Act). O principal argumento é que a xAI deveria ter solicitado uma licença ambiental mais rigorosa, chamada de “Prevenção à Deterioração Significativa” (PSD), e não uma autorização provisória. Se a Justiça aceitar o caso, a empresa pode ser obrigada a suspender operações, pagar multas diárias e refazer todo o processo de licenciamento.
A posição da xAI e das autoridades
A xAI afirma que as turbinas são modernas, com controles de poluição avançados, e que a instalação será “a mais limpa do tipo em operação nos EUA”. A empresa também promete gerar empregos locais, construir uma nova subestação de energia e utilizar água reciclada para o resfriamento dos servidores. O prefeito de Memphis, Paul Young, apoiou publicamente o projeto, dizendo que ele pode colocar a cidade no mapa da inovação tecnológica.
Inteligência artificial e o custo ambiental
O centro de dados da xAI vai operar o Colossus, um supercomputador alimentado por milhares de chips da Nvidia, essenciais para o desenvolvimento de inteligência artificial de última geração. Esses sistemas consomem grandes quantidades de energia, e a tendência é que esse tipo de instalação se torne cada vez mais comum. A questão que surge é: quem paga o preço do avanço tecnológico? No caso de Memphis, parece que são, mais uma vez, as comunidades negras mais pobres.
- Potência máxima: 155 W. | Quantidade de células: 36. | Voltagem de circuito aberto: 24.46V. | Voltagem máxima do sistema…